quarta-feira, 23 de abril de 2014

Tamo aí na relatividade


Há 50 anos atrás, dia 1° de abril...

Há 50 anos atrás, dia 1° de abril, conhecido tmb como Dia da Mentira ou dos Tolos, ironicamente o Brasil sofreu um golpe civil-militar-empresarial com grande participação americana, onde os tolos conservadores baseados na mentira implantaram medo e tomaram poder. Apoiada pela mídia, a fim de que as reformas de base, as quais até hoje, necessitamos não fossem feitas, a ditadura atrasou 21 anos do país, além de prender, torturar e matar várias e várias pessoas.#memória#justiça#verdade

sábado, 19 de abril de 2014

Músicas de Páscoa com senso de justiça

Assim como costumo pensar no Natal a partir de algumas músicas, nesta Páscoa pensei em músicas que me ligassem ao sentido dessa festa. E foi justamente a partir de algumas músicas do B Negão e do Black Alien, que pensarei nessa Páscoa que traz consigo mesma a justiça e a novidade de vida do Deus que ressucita e recicla a mente, pois que o sentido de conversão está na mudança de paradigma e de pensamento que leva a nova forma de viver.

Segue estas pedras:

B Negão - nova Visão


Black Alien - Na segunda vinda



Jorge

Noé em tempos de justiceiros e UPPs.

De um lado temos a pacificação governamental militar midiática empresarial das favelas cariocas. De outro temos no inconsciente coletivo declarações de jornalistas e de pessoas comuns justificando agressões individuais e coletivas ocorridas junto a pessoas a margem da sociedade e da lei e bandidos. Esse período que estamos vivendo me faz pensar no senso de justiça, especialmente em como a Bíblia trata o tema de maneira desde o início em Gênesis. Noé, por exemplo, foi chamado de pregoeiro (pregador) da justiça. Em Noé temos um homem justo que optava por ir na contramão do senso comum em meio a um mundo violento, de olho por olho, dente por dente, cabeça por cabeça, roubo por roubo. Um homem com sua família vivendo de maneira paltada na justiça do bem comum num mundo sem justiça, onde o que se chamava de justiça era atos feitos com base no interesse próprio, no senso privado. Um mundo doente porque quando o homem violenta outro até a terra sofre e é degradada, pois ela passa a ser instrumento de disputas e perde sua função social surgindo assim a monocultura, o latifúndio, a especulação imobiliária, e todo esse sistema que degrada o ambiente e por consequência degrada o homem e se perpetua, até que o próprio sistema entre em crise, se retroalimente da crise. O ciclo de injustiça e opressão, nascem a partir da opressão e são mantidos pela opressão. A sociedade está cheia de traumas psicológicos, morais e políticos não resolvidos ao mesmo tempo em que busca apenas seus próprios interesses, sonhos de consumo, um conceito de bem estar adulterado onde ser cidadão de bem é seguir as regras de uma paz civil mascarada e reclamar, mas aceitar
a democracia representativa de um governo iníquo sem lutar pelo interesse coletivo. O grande exemplo disso é justamente pacificar morros e favelas enquanto os justiceiros pegam no asfalto os "resíduos" da "pacificação". Somado a isso há espetacularização da mídia que cria medo no inconsciente de uma classe média. Nesse cenário os partidos se infiltram nas manifestações populares e seus líderes se escondem atrás de gente que vai na frente. O cenário futuro também não é animador, pois a próxima eleição para governador do estado está cheio de candidatos que não são bons. Pra piorar a estatística diz que o possível eleito será um antigo governante que dominou o estado com sua família há alguns anos atrás. Mais uma volta no ciclo. Pensar em Noé é pensar numa esperança além do que se vê. É ser íntegro e lutar. Continuar a viver sem negociar ideais, e sobretudo caminhar segundo os valores que estabelecem justiça através do amor. Como o apóstolo Paulo vem a dizer: "...e passo a ensinar caminho sobremodo excelente" (...).(I Coríntios).

Jorge Tonnera Jr

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Páscoa contra o consumismo em tempos de opressão e falsa pacificação de um estado de direito e de bem estar.

O que tornaria a Páscoa relevante nos nossos dias? Ao que convencionou-se segundo o espírito do nosso tempo ser uma festa, um feriado onde se doa e compra-se (e muito) chocolates, onde os ovos ocupam destaque e possuem valor econômico muito superior ao de um bem alimentar básico.
Não, eu não sou contra o comer ovo de páscoa nem vou dizer para ninguém não comprar. Há um certo sentido que é interessante. Talvez mais que o Natal essa comemoração está destituída do espírito que a originou desde os tempos dos antigos hebreus, enquanto festa dos oprimidos libertos, até a atualização dela pelos cristãos primitivos iniciada por Jesus Cristo, enquanto celebração dos oprimidos libertos para não oprimir. O tempo em que estamos inseridos a torna não somente importante como necessária., pois vivemos um tempo em que se mata e se justifica. Onde o oprimido se torna opressor.
O que seria viável, necessário e subversivo em torno da páscoa  a ponto de refazÊ-la comunitariamente?
Sim, pois a festa sempre foi coletiva e não simplesmente familiar núcleo casa. 
A páscoa se dá a partir da manifestação de deus. Um deus que vai até o excluído, o estrangeiro, o destituído, o perseguido. Esse era o perfil do povo hebreu vivendo no Egito. Esse deus se apresenta com o nome de "Eu Sou". Ele diz eu sou o que sou. O mundo egípcio da época em termos de cenário possuia conhecimento, terras estatais, cidades, prosperidade, rica cultura, gestão ambiental, economia e sobretudo gente, sendo algumas 
dessas não consideradas tão gente por serem temidas. Como forma de se precaver contra uma possibilidade de tomada, ou melhor, perda de poder político, o faraó que se considerava deus, em sua megalomaníaca forma de dominar criou um estatuto informal de controle dos hebreus. Cria uma política de segurança pública egípcia. Exterminava os jovens hebreus, controlava o acesso a comida, mas não tinham acesso a certas coisas, fazia ter alimento, mas trabalhavam para trabalhar.
Na época de Cristo, quando a páscoa foi atualizada, havia também uma política de segurança pública. Manifestações eram constantes e reprimidas. Havia uma turbulência social, um cenário de inquietude, onde se esperava um rei que rompesse com o império. No entanto, aquele povo que foi liberto há muitos anos atrás estava sendo oprimido ao mesmo tempo em que estava oprimindo os seus iguais. Classes dominavam poder e exerciam regras moralistas. Havia um clima de aparências. Eles eram escravos, mas não 
sabiam, assim Jesus se dirigiu a um determinado grupo de judeus. Escravos modernos diferente dos antigos pais hebreus, mas escravos do sistema e sobretudo escravos de si mesmos, a qual é a pior escravidão. Um ciclo de injustiças e ódio e pobreza. Palácios de nobres e casas pobres visíveis onde um olhava o outro, ao mesmo tempo em que havia pessoas invisíveis em centros. Contudo, ainda assim eles lembravam daquela antiga 
páscoa.
Jesus trazia consigo a justiça do Reino. Uma justiça que abria caminho a partir de João Batista retificando e aplanando ideias. Quem tem reparta, quem corrompe não corrompa e quem é corrompido deixe de receber por isso. Justiça essa que era trazida desde os tempos da origem do "começar o começo"(Leia-se Genesis). O mundo de Cristo era violento, excludente. A ideia atualizada por Cristo de Páscoa se dá como uma ressignificação em termos de reconciliação onde não haveria mais muralhas sociais e que por meio dessas relações sociais ressignificadas a vida poderia tomar novo rumo e vivenciada coletivamente, colaborativamente e solidariamente por meio do amor. Assim, trabalho, acesso a terra, direitos humanos, saúde, soberania alimentar, acesso a água e saneamento, habitação, uma nova formação da família, humanizar, redistribuir, compartilhar, uma economia não violenta, uma comunicação não violenta. Quando Cristo reparte o pão da ceia e passa o copo do vinho e diz que era seu corpo era ele distribuindo a riqueza. Era ele enquanto deus dando continuidade a vida, sustentabilidade, no sentido mais puro e simples, no qual cada um tem sua parte e responsabilidade, resposta a habilidade de viver, deveria sobrar para todas aquelas pessoas aquela quantidade de comida. Uma satisfação, onde aquele grupo se constituia em uma nova família por meio de um novo relacionamento, uma nova comunidade, na via da ternura, não no sentido pelego, mas num sentido de igualdade e justiça, o sentido de responsabilidade de amar. Essa resposta e habilidade de amar empodera a comunidade. Esse repartir tinha em si mesmo o "cuidar e cultivar" de Genesis, aquele mandamento de Deus ao homem do Jardim do Éden, pois que o pão e vinho (trigo e uva) vêm do acesso a terra, e sendo assim a proteção a terra é condição de vida justa e condição para compartilhar o pão e o vinho. Em um único gesto tantos sentidos. Isso responde a nossa pergunta inicial do texto: O que tornaria a Páscoa relevante nos nossos dias?
Essa páscoa seria revolução a medida que adentrava na mente de cada um. A comunidade seria empoderada no amor e distribuiria amor. Em tudo a paz... mas a paz que Cristo pregou e que verdadeiramente liberta é diferente da paz que as pessoas buscam a partir dos sistemas filosóficos, econômicos e políticos. Uma paz interior que aprisiona a partir do meio é falsa. Uma paz que se exclui seja por meio de grades fisicas de um condominio, grades geográficas de um espaço natural como um monastério ou uma ecovila que se 
isola do mundo também não é uma paz perfeita, ou ainda grades sensoriais onde as pessoas se desistressam, se interiorizam, meditam, mas buscam a paz delas e não a paz de todos, não é paz é alienação. Uma paz civil, socialzinha é diferente da paz da justiça de deus. 
Uma paz consumista é o que se prega por meio da busca da paz interior. Da mesma forma a ampliação do poder de compra da população pelo governo não garante paz. Todas essas pazes são diferentes da paz santa, a paz que sagra as relações Deus com o homem, homem consigo mesmo, homem com os outros seus, homem com seu meio ambiente e com esse ser ecossistemico. O conto da serpente é a própria paz travestida de se sentir bem apenas. A paz não é se sentir confortável. Não é se sentir bem simplesmente, nem 
sermos meros "cidadãos de bem". A pacificação de Cristo é uma paz que causa desconforto. Nos joga pra fora, porque libertação é ser jogado pra fora e ir de encontro ao outro. É sair do eu e se ligar ao outro.
Em tempos de pacificação das favelas, locais que há anos sofrem e reciclam a opressão, nascem a partir da opressão e são mantidos pela opressão é preciso repensar o sentido de Páscoa. Um justo morreu para libertar muitos. Assim sendo é um compromisso de quem comemora Páscoa buscar justiça. A sociedade está cheia de traumas pscológicos, morais e políticos que não podem ser acabados com uma paz moralista nem egoísta. 
Compartilhemos o que temos de melhor: o amor. Que possamos dar o nosso melhor, o amor, o qual não é genuínamente nosso, mas foi distribuido e compartilhado e assim herdado de Jesus Cristo para libertar muitos também. 

Paz do Cristo
Na contenção, no amor, na justiça, por transformação.

JORGE TONNERA JR.

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